quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Caso dos e-mails: "Juiz" do Tribunal Arbitral do Desporto apanhado a pedir bilhetes ao Benfica

Miguel Lucas Pires confirmou ter solicitado através de Fernando Seara ingressos para um jogo no Estádio da Luz, mas garantiu não ter violado o Estatuto Deontológico dos árbitros do TAD.



Foi a 11 de Abril deste ano que o administrador da SAD do Benfica Domingos Soares Oliveira encaminhou por email um pedido: cinco bilhetes para o jogo Benfica-Marítimo da época passada. Os lugares, segundo o administrador, deveriam ser "jeitosos". Na resposta, Ana Zagalo, funcionária da direcção comercial, informou que "o melhor" disponível era no piso 1, bancada BTV ou no piso 1, sector 39, mais próximo da Tribuna Presidencial, mas menos central. O pedido em causa chegou ao administrador da SAD através de Fernando Seara e destinava-se a Miguel Lucas Pires, árbitro no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), indicado pelo Benfica em alguns processos que correram naquele tribunal, como, por exemplo, o caso dos vouchers.


O Estatuto Deontológico do TAD é claro: "Quer durante quer depois de concluída a arbitragem, nenhum árbitro deve aceitar oferta ou favor proveniente, directa ou indirectamente, de qualquer das partes, salvo se corresponder aos usos sociais aceitáveis no domínio da arbitragem". O código de conduta estabelece que um árbitro designado por uma das partes "não é seu representante ou mandatário, estando, em todas as circunstâncias, sujeito às obrigações deontológicas previstas neste Estatuto", isto é, imparcialidade e independência. 

Em resposta à SÁBADO, depois de questionado se tal pedido não violaria o estatuto de árbitro, Miguel Lucas Pires confirmou ter solicitado ingressos através de Fernando Seara, sublinhando nunca ter solicitado bilhetes a "a qualquer dirigente, funcionário, treinador ou jogador do Benfica". "À data em que foram solicitados os convites em causa, o Prof. Fernando Seara, ao que julgo saber, não exercia qualquer cargo na estrutura directiva do Benfica", referiu ainda Miguel Lucas Pires, acrescentando ter "há décadas" uma relação de amizade com Fernando Seara, desde o tempo em que este foi secretário-geral adjunto do CDS, liderado pelo seu tio, Francisco Lucas Pires.

Fonte: Revista Sábado