Clube contesta na Relação decisão do tribunal cível de não proibir diretor do F.C. Porto de divulgar mensagens do seu correio eletrónico.
O Benfica garante que a contínua divulgação de mensagens de correio eletrónico dos seus dirigentes, em violação de "segredos de negócio", tem provocado um "enfraquecimento da ligação emocional dos adeptos" ao clube, que se traduzirá em menor assistência aos jogos, menor "apetência comercial" e menos receitas. A afirmação consta no recurso contra a sentença do Tribunal Cível do Porto que recusou a providência cautelar pedida pelos encarnados que visava proibir o F. C. Porto e o seu diretor de comunicação de continuar a divulgar emails supostamente comprometedores.
O clube das águias não se conforma com os "atos de descrédito" pelos portistas e insiste, junto do Tribunal da Relação do Porto, que existe efetiva "concorrência desleal" por parte dos portistas, hipótese que foi recusada pelo tribunal de primeira instância, por entender que, no futebol, não há possibilidade de desvio de clientela (adeptos) entre clubes rivais.
Contra estes argumentos, os advogados do Benfica contrapõem agora que, além de prejudicar a vertente de obtenção de patrocínios, o objetivo do F. C. porto não é captar adeptos mas sim "promover o afastamento dos mesmos", a "desorganização", "desmoralização", "desinteresse" e conseguir uma menor participação dos sócios e menor adesão futura ao clube. O clube e a SAD referem-se, em especial, às lançadas suspeitas de "corrupção" e à ideia de que os últimos títulos foram obtidos de forma fraudulenta - o que garantem ser falso.
No recurso, o Benfica refere já estar a sofrer repercussões no caso dos emails: não obstante terem sido obtidos bons resultados financeiros na época 2016/17, um total de 29,25% de sócios votaram contra e 9,37% abstiveram-se. Na época anterior (2015/16), com piores resultados financeiros, apenas 2,55% dos sócios tinham votado contra, enquanto a abstenção ficara por 6,44%.
"Segredo de negócio"
Frisando que o F. C. Porto está na posse dos seus "segredos de negócio" obtidos a partir do seu servidor informático (slbenfica.pt), o Benfica insiste em pedir a proibição de divulgação e que lhe seja entregue uma cópia integral dos emails. Os encarnados referem-se à informação relativa a contratos de atletas, treinadores, funcionários e patrocinadores como "segredos de negócio", mas não incluem nesta definição, pelo menos de forma expressa, as informações sobre contactos com elementos ligados ao mundo da arbitragem que resultam das mensagens de correio eletrónicoe estão agora sob investigação da Polícia Judiciária.
O recurso subscrito pelos advogados Gonçalo Malheiro e Armando Martins Ferreira refere como verdadeira a informação divulgada sobre o contrato do diretor de comunicação, Luís Bernardo (Francisco J. Marques escreveu no Twitter que ele ganharia mais que Bernardo Silva) e dados relativos ao futebolista Bernardo Silva (em que o futebolista exigira um salário e Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, terá autorizado o seu pagamento e dito que ele nunca mais regressaria ao Benfica). Quanto aos restantes emails, nunca refere serem falsos, mas sublinha que compete só ao F. C. Porto provar que a informação que divulga é verdadeira.
O Tribunal da Relação do Porto deverá demorar cerca de dois meses a apreciar o recurso apresentado pelo Benfica, a fim de decidir se o F. C. Porto deverá ser proibido de revelar mais emails supostamente comprometedores. Até lá, não haverá qualquer impedimento.
Fonte: Jornal de Notícias